domingo, 22 de agosto de 2010

Um bêbado incomoda muita gente. Três seguranças muito mais!


Bêbado é um caso sério... em rodoviária, em final de ano, então. Foi assim... Agoniado e cambaleando entre uma cadeira e outra, um bêbado mexia com as pessoas ali presentes, procurando chamar a atenção, de modo que fosse percebido.

Com uma pequena bolsa vermelha e uma garrafa de vinho, com uma camisa meio aberta e suja de creme dental, assim como os dedos das mãos. De calça justa e verde – que mais parecia outra cor não identificável – de sapatos morron nós pés, ele tirou muitas pessoas do sério, porque exalava um hálito etílico dos bravos, e com umas conversas intragáveis – quando conversava, pois soluçava mais que tudo! Ademais, ao bradar algumas palavras com muita dificuldade, espumava a boca, por conta do “maldito” creme dental que não soube usar. Na melhor das hipóteses: ele tenha se esquecido de ter completado a higiene pessoal.

Além disso, ao conversar, tinha mania de tocar nas pessoas como quem quisesse convencer do que falava, já que em palavras eram quase impossível. Aonde o bêbado ia, como não agüentava suspender à sua bolsa por inteira, arrastava-a nas pessoas que se encontrava sentada nas cadeiras de espera.

Diante do frenesi causado, foi convidado, por dois seguranças que faziam ronda ali, a retirar do local. O primeiro procurou ter mais diálogo, mais calma; diferente do segundo, que logo tentou conduzir o indivíduo pelo braço e para um canto – lugar mais espaçoso na rodoviária. Quanto mais eles falavam, procurando acalmar os ânimos do bebum, este chamava atenção das pessoas, jogando a garafa (plástica) de bebida no chão e sua bolsa de um lado ao outro, aclamando publicamente: “– Eu nãaosaiodaqui, não sôladraão, não devo nada-ni’ninguém. Conhe’çço todomundo de Fêra, de Perna’mbuco, de Serrinha... sôaamigo de’Lió,...”

Nesse tenebroso cenário, os seguranças se viam mais enrolado que fumo de corda, pelo desconforto causado ao público. Esquivando da circunstância, e prevendo o desfecho do episódio, um deles assegurou-se e altissonante, disse: “ – Depois as pessoas digam que só agimos assim porque o individuo está bêbado, é um idoso... ninguém procura compreender nossa situação”. Dito isso, solicitaram a intervenção de uma polícia, que mesmo ali presente fazia vista grossa ao caso. Ainda assim, o bêbado não se deu por convencido – como acontece com todos – já que achava porta voz da razão!

A princípio, o meganha usou a tática de um dos seguranças, toda paciência de Jô para abordar o bebum, procurando removê-lo da plataforma com maior cautela – nem parecia um policial. Contudo, o bêbado não estava nem aí para o que o praça dizia. Entre um soluço e outro, de tão embriagado, procurava convencer a polícia que estava certo do que fazia, pois dizia não incomodar ninguém ali. Chegando ao ponto de conversar “escorando” os braços no obro do praça, como se fosse um velho conhecido de outrora.

Pela digladiação das palavras dos indivíduos, o bêbado acabou enrolando com a sua própria língua (literalmente!), pois quanto mais propugnava, por excesso de bebida, encontrava menos chão para ficar sua razão etílica; assim, deixava a polícia mais arreliada.

Não havendo mais possibilidade de diálogo entre ambos, e no desequilíbrio do bebum, o meganha acabou “convencendo-o” pela força física, vez que conseguiu tirá-lo, pelo braço, do circuito das pessoas que ali estavam. Ao bêbado não lhe restou outra saída, a não ser ficar sentando e resmungando, mas quieto, esperando sua condução passar.

Justino Cosme, estudante

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Essa é para todos!

Num dia desses, andando na feira livre da cidade, inesperadamente, encontrei com Todos. Entre uma conversa e outra, ele me falava das últimas novidades, das angústias e acusações que vinha sofrendo. Pois, ele disse que se propala por aí, que é o mais beneficiado em quase todas as secretarias do governo da Bahia; outras vezes pelo federal, quando não pelo municipal.

- Contudo, isso não procede!Disse-me ressentido. Ressaltando ainda que, as pessoas mais favorecidas, e que poucos percebem, são os donos dos meios de comunicação; seja: impresso, televisivo, radiofônico, etc. – sem distinção de cor e credo. Sendo que há um grande investimento, para que eles apregoem e massifiquem as propostas do governo, nem que as mesmas não saiam do papel, como vem acontecendo.

Sem entender o que Todos falava, interroguei-o. Quando me disse que estava sendo acusado de crime de nepotismo.

- O quê? Perguntei. E de novo, ele me respondeu: - Nepotismo, cara! Uma vez que existem diversos comentários soltos, apontando ser o único favorecido nas diversas secretarias do governo. Dizem que este está ofertando: Terra para Todos, Água para Todos, Educação para Todos, Saúde para Todos, Cesta básica para Todos, Universidade para Todos, enfim... até mesmo esse mediucre texto, dizem que é para Todos! Sinceramente, não estou gostando disso e, se fosse verdade, não importaria com o tal crime.

Assim, cada vez mais, me encontro “indefinido” com as conversas do governo, que banaliza suas propostas através dos meios de comunicação, dizendo que tudo é para Todos. Contribuindo, de certa forma, para aumentar a discriminação com Todas suas ações.

Justino Cosme, estudante

Para que serve a televisão?

É cada vez mais preocupante como os meios de comunicação, especificamente a TV vem perdendo sua função: ao invés de ser um veiculo de informação, muitas das vezes, não passa de um condutor de deformação do povo, já que sua função é de difundir e, prioritariamente, legitimar as idéias da classe dominante. Se não for exagero, a opinião da maioria das pessoas é formada exclusivamente a partir da televisão, talvez seja por isso que, o educador, Moacir Gadoti (2001) afirma que o controle dela pela burguesia é mais ostensivo do que a escola. Não é por menos que pesquisas têm demonstrado que a televisão está presente em 96% das residências brasileira. E, talvez seja por isso, ela é um dos meios de comunicação que procura garantir, senão valida, a homogeneidade de pensamento de quem dela assiste.

Mesmo distanciando da TV, qualquer um pode acompanhar as informações a partir das pessoas que a assistem, vez que as notícias aparecem como se fossem verídicas, devido à inexistência de crítica por parte destas. Destarte, os comentários apregoados, advindos dos programas, jornal, etc., são falados numa mesma cor – um verdadeiro ready-mode! Isso fica, ainda, mais visível quando acontece algo de maior repercussão, a exemplo dá morte de uma artista famosa; um acidente envolvendo um grande número de pessoas, enfim; quando ocorre qualquer bestialidade!

Se reparássemos bem, as informações divulgadas nos diversos canais televisivos, sobretudo nos noticiários, são quase às mesmas. Portanto, não difere muito em quase nada uma da outra, exceto alguns comentários extravagantes ou a ordem delas no telejornal. O que demonstra haver um forte cartel também nesse espaço.

Nascida no útero da Ditadura Militar, a rede globo parece ser o único canal que tem o poder de assegurar notícia de cunho público de primeira mão, embora não se entenda o porquê dessa prioridade. Infelizmente isso acontece. A ‘atenção’ recebida nos diversos espaços, a exemplo de informações obtidas pelo Congresso Nacional, outras cedidas pela Policia Federal explícita muito bem isso.

Como se tudo isso não bastasse, há uma grande exacerbação na venda de produtos pela TV, quão fossem poucas as grandes propagandas veiculadas veementemente nos longos intervalos. Quando, muitas vezes, embutidas nas novelas, filmes, programas “interativos” e até mesmo nos telejornais. Por vergonha nacional, há até canais exclusivamente com finalidade de vender; sem contar também nos que são usados para disseminar algumas religiões. Salientando que futebol tem cadeira cativa em vários horários difundidos como “nobres”.

Diante disso, quase não existe nenhuma preocupação em fazer com os(as) telespectadores(as) tenham uma visão crítica sobre os programas que são transmitidos. Sendo que, na televisão, não há brecha para que isso ocorra, já que existe grande massificação das notícias, pois toda programação está imbuída para essa natureza. Nessas circunstancias, não resta dúvida que a função da televisão brasileira é cooptar as pessoas para torná-las alienadas, de modo que possa vender “as mercadorias enlatadas” ao seu bel prazer.

Não é à toa que há uma exploração muito grande dos meios audiovisuais, sendo que esses têm uma facilidade de pentração no cerebro, além de manter as pessoas concetradas e dósseis por mais tempo.

A esperança de uma TV, com a função que deve ter, talvez precisa ser ainda gerida nos guetos, assim, como acontece com as alternativas rádios comunitárias. Oxalá!

Justino Cosme, estudante